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Ciência liquida: molécula do chá-verde pode ajudar em terapia genética

24 de Outubro de 2019



Correio Braziliense

A edição de genes é uma das tecnologias mais exploradas por cientistas nos últimos anos. Uma das apostas é o uso da técnica para tratar doenças incuráveis. Há, porém, muitos obstáculos. E, com o objetivo de vencer etapas, um grupo de cientistas americanos saiu em busca de novas substâncias que possam auxiliar nessa tarefa. Em um experimento com ratos, eles descobriram que uma molécula presente no chá-verde ajuda na modificação de genes e, com isso, no controle do diabetes. Os dados do trabalho foram apresentados na última edição da revista Science Translational Medicine.

Para realizar a edição genética, cientistas costumam usar antibióticos. Essas substâncias, porém, podem gerar efeitos colaterais ou serem inseguras a longo prazo. “Até agora, substâncias como tetraciclina e doxiciclina foram usadas como auxiliares na expressão de genes, mas elas não são opções atraentes, pois podem levar ao desenvolvimento de resistência aos próprios antibióticos e a efeitos colaterais. As moléculas ideais para aplicações clínicas biomédicas seriam naturais, não tóxicas e, talvez, até benéficas para a saúde humana”, detalha ao Correio Haifeng Ye, professor de biologia sintética e engenharia biomédica na Universidade Normal da China Oriental e principal autor do estudo.

Haifeng Ye explica que o chá-verde já se mostrou positivo em outras pesquisas e, por isso, foi escolhido pela sua equipe. “É uma bebida popular em todo o mundo e contém polifenóis abundantes, conhecidos por reduzir o risco de desenvolver doenças cardiovasculares e diabetes. Portanto, nos perguntamos se seria possível gerar uma mudança genética controlada por meio dessa substância. Foi assim que surgiu a ideia”, relata.

No estudo, os cientistas testaram o poder do metabólito ácido protocatecuico (PCA), presente no chá-verde. Eles projetaram uma série de células para serem ativadas pelo PCA e as inseriram em várias linhas de células humanas e de camundongos. Os resultados foram positivos: a equipe conseguiu executar uma edição mais eficiente de genes. Em uma segunda etapa, implantaram as células responsivas à PCA em modelos de camundongos e macacos com diabetes tipo 1 e 2. O corpo das cobaias passou a liberar insulina e houve diminuição nos níveis de açúcar no sangue dos animais que beberam chá-verde concentrado ou receberam PCA.

Os pesquisadores explicam que as células responsivas usadas nos experimentos poderão oferecer uma plataforma altamente flexível para controle genético, além de abrirem novas oportunidades para a medicina de precisão. “A terapia celular é reconhecida como o próximo pilar da medicina. As terapias baseadas em células projetadas se tornarão cada vez mais importantes, mas seu uso clínico é atualmente restrito pela falta de ‘gatilhos de controle’ que sejam seguros e altamente específicos para regular o comportamento celular após o implante”, detalha Haifeng Ye. “Portanto, nesse estudo, criamos o que chamamos de comutador transgênico que pode ser acionado por PCA. Acreditamos que essa nova ferramenta abra oportunidades para intervenções dinâmicas na medicina de precisão baseada em genes e células.”

 

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