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Cientistas observam relação entre consumo de azeite e prevenção de AVC

18 de Março de 2019



Correio Braziliense
 
Um novo estudo traz indícios dos benefícios do consumo do azeite de oliva para o corpo. Dessa vez, o foco é a saúde do sangue. Em análise com indivíduos obesos, pesquisadores americanos observaram que aqueles que tinham o hábito de ingerir o produto pelo menos uma vez por semana mostraram redução na atividade plaquetária, um mecanismo essencial para a redução da coagulação sanguínea e, consequentemente, para a prevenção de doenças cardiovasculares. As descobertas foram divulgadas no Encontro de Epidemiologia e Prevenção da Associação Americana do Coração, nos Estados Unidos, realizado no início da semana, na cidade de Houston.
 
As plaquetas são fragmentos de células sanguíneas que se unem e formam aglomerados e coágulos quando são ativados. Os coágulos contribuem para o acúmulo de placa obstrutiva da artéria, conhecida como aterosclerose, uma condição subjacente à maioria dos ataques cardíacos e derrames. Os pesquisadores determinaram com que frequência 63 obesos, também não fumantes e não diabéticos, consumiam azeite de oliva. A idade média dos participantes era de 32,2 anos, e o índice de massa corporal (IMC) médio, 44,1.
 
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A equipe descobriu que os voluntários que comiam azeite de oliva pelo menos uma vez por semana tinham menor ativação plaquetária do que os participantes que ingeriam quantidades menores ou não o consumiam. Além disso, os integrantes do primeiro grupo apresentaram níveis mais baixos de agregação plaquetária. “As pessoas que são obesas correm maior risco de ter um ataque cardíaco, um derrame ou outro evento cardiovascular, mesmo que não tenham diabetes ou outras condições associadas à obesidade. Nosso estudo sugere que a escolha de comer azeite pode ter o potencial para ajudar a modificar esse risco”, reforça Ruina Zhang, estudante de medicina da Universidade de Nova York e uma das autoras do estudo.
 
Fausto Stauffer, coordenador de Cardiologia do Hospital Santa Lúcia Norte, em Brasília, acredita que o estudo mostra dados interessantes, apesar de a pesquisa ter sido feita com um número pequeno de participantes. “Esse é um estudo observacional. Então, não nos permite garantir que o consumo de azeite de oliva está ligado à diminuição da agregação plaquetária. Fora o fato de que o grupo não era tão extenso e todos eram obesos. Ainda assim, vemos indícios que estão relacionados a pesquisas recentes”, frisa.
 
Segundo o médico brasileiro, estudos têm apontado que o consumo do azeite de oliva melhora a função dos vasos do endotélio, uma camada que ajuda a diminuir a oxidação do colesterol ruim. “Também melhora a coagulação, além de diminuir o desenvolvimento do Alzheimer e até a ocorrência de alguns tipos de câncer, ou seja, ele se mostra extremamente benéfico ao organismo. Mas é claro que, se consumido em excesso, pode se tornar prejudicial”, alerta.


Aprofundamento 

Os cientistas adiantam que mais estudos são necessários. Se comprovada a relação entre o azeite e a proteção sanguínea, acreditam que será possível desenvolver novas estratégias preventivas. A equipe também admite que o estudo tem limitações, como ter se baseado no relato dos participantes. “Até onde sabemos, esse é o primeiro estudo a avaliar os efeitos da composição da dieta, especificamente do azeite de oliva, na função plaquetária em pacientes obesos. Ele pode abrir portas para pesquisas ainda mais detalhadas, que ajudem a entender essa relação entre o azeite e a prevenção da coagulação”, diz Zhang.
 
Stauffer também acredita que o estudo precisa ser aprofundado. “É preciso usar grupos de perfis distintos e que seja escolhida de forma aleatória quem consumirá mais e quem consumirá menos azeite. Dessa forma, teremos uma comparação que esclareça os dados”, opina.
 
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