Notícias


O que é embolia gasosa disseminada, identificada em exames do ator Paulo Gustavo

06 de Maio de 2021


Correio Braziliense

O que é embolia gasosa disseminada? Ela é muito diferente da embolia pulmonar? Quão grave é esse tipo de embolia e o que tem a ver com a covid-19?

Dúvidas relacionadas à embolia gasosa disseminada cresceram depois que boletim médico sobre a situação do ator Paulo Gustavo, de 42 anos, mencionou esse termo e apontou que "infelizmente, a situação clínica atual é instável e de extrema gravidade".  A nota divulgada na segunda-feira (03/05) diz que "houve piora acentuada do nível de consciência e dos sinais vitais" de Paulo Gustavo e aponta que "novos exames demonstraram ter havido embolia gasosa disseminada, incluindo o sistema nervoso central, em decorrência de uma fístula bronquíolo-venosa".

A BBC News Brasil ouviu médicos pneumologistas e intensivistas para responder às principais dúvidas sobre a embolia causada por ar.

Embolia gasosa

A embolia gasosa ocorre quando bolhas de ar entram no sistema circulatório (onde, em condições normais, só deve circular sangue), causando obstruções.

"Na embolia gasosa, bolhas de ar vão para dentro do sistema circulatório, obstruem a circulação, e levam a região a uma deficiência de oxigenação, que é fundamental para as células, para elas se manterem vivas", explica o médico intensivista José Albani de Carvalho.

Assim, a embolia gasosa é diferente da embolia causada por trombos, em que a obstrução da artéria ou veia ocorre devido a um coágulo.

O médico pneumologista Arthur Feltrin destaca que a embolia por trombos é mais comum e tem um tratamento mais simples: os anticoagulantes, capazes de dissolver o trombo e retomar a circulação.

Como esse ar entra no sistema circulatório?

A nota médica diz que a embolia gasosa do ator Paulo Gustavo ocorreu "em decorrência de uma fístula bronquíolo-venosa".

O que isso significa?

"A fístula é como se fosse comunicação por ruptura de alguma membrana, de duas estruturas - neste caso, veia e bronquíolo, que são duas estruturas que não se comunicam de forma normal", explica Feltrin. "Com essa ruptura de membrana, conteúdo de gás sai do bronquíolo e vai para dentro da veia, e esse gás infelizmente não ficou só no pulmão, ele foi disseminado."

Os médicos ouvidos pela BBC News Brasil não entraram em detalhes sobre a situação do humorista, visto que eles não participam do atendimento de Paulo Gustavo.

Considerando casos de embolia gasosa de forma geral, segundo os médicos, a correção dessa fístula seria a forma de tratar. A médica pneumologista Patrícia Canto, da Fiocruz, diz que o principal tratamento para casos de embolia gasosa é "identificar o mais breve possível e corrigir esse ponto em que há escape de ar para o sistema venoso", além de medidas de suporte à vida.

Feltrin lembra que, diferente da embolia por trombo, não há um medicamento capaz de retirar o gás de dentro do sistema circulatório. "O tratamento seria a correção dessa fístula, mas muitas vezes precisa ser cirúrgica, e muitas vezes os pacientes não têm condições de passar por esse procedimento, porque estão instáveis, com ventilador mecânico, circulação extracorpórea, aí não tem como parar esses dispositivos para fazer correção dessa fístula."

 

Para ler a matéria na íntegra, clique aqui.


« Voltar