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Risco de morte pode cair 42% com 4,5 mil passos diários

09 de Março de 2020



Correio Braziliense

 

Para alcançar a tão sonhada longevidade, muitos cientistas fazem uma rigorosa busca em genes, comprimentos de telômeros (a pontinha do cromossomo) e mesmo em tratamentos experimentais, que combinam medicamentos desenvolvidos para outros fins. Encontrar essa receita é o desejo de boa parte da população: uma pesquisa realizada em 2019 nos Estados Unidos, por exemplo, constatou que 57% das mulheres querem viver mais que 81 anos (a expectativa de vida no país para elas), enquanto 69% dos homens gostariam de estender a vida para além da expectativa, de 77 anos.

A boa notícia é que não há necessidade de se buscar fórmulas mirabolantes para isso. É o que defendem cientistas que estiveram reunidos na semana passada, no Congresso da Associação Norte-Americana do Coração. No evento, foram apresentadas diversas pesquisas que comprovam: para viver bem — e com qualidade — bastam ajustes nos hábitos, especialmente nos relacionados à alimentação e à atividade física. Embora não seja segredo que comer bem e se movimentar mais sejam essenciais para manter a saúde em dia, os artigos mostram, em números, que essa é a melhor receita da longevidade.

Quando falam em exercícios físicos, os pesquisadores não necessariamente se referem a academias ou à prática de algum esporte. Andar — moderadamente — já é o suficiente para que idosos ganhem mais tempo de vida e saúde. “Para isso, não é preciso uma atividade extenuante”, garante Barry A. Franklin, especialista em cardiologia preventiva e reabilitação cardíaca, além de professor de medicina na Faculdade William Beaumont, no Michigan. Ele é um dos autores de um estudo, segundo o qual 30 minutos de atividade, que pode ser de faxinar a casa a caminhar sem pressa, reduz em 20% o risco de morte por qualquer causa entre adultos mais velhos. Ao mesmo tempo, não se movimentar foi associado com uma mortalidade 32% maior, também por qualquer causa. 

No estudo, feito com 1.262 mulheres e homens com média de idade de 69 anos, os pesquisadores constataram que, embora exercícios leves já sejam suficientes para prolongar a vida, aqueles que dedicam pelo menos 150 minutos semanais a atividades moderadas a vigorosas vivem 67% mais, comparados aos que não atingem nem esse tempo nem essa intensidade. “Porém, mesmo os participantes que fizeram atividades mais amenas tiveram ganhos. Não é necessário se esgotar fisicamente para que o exercício seja efetivo. Encontrar uma forma de se movimentar mais em atividades que se encaixam nas suas capacidades e que são prazerosas é extremamente importante para todas as pessoas, especialmente idosos, que podem ter fatores de risco para doenças cardiovasculares. Atividades como um breve passeio a pé podem ajudar a lidar com a pressão alta e o colesterol alto e melhorar o controle da glicose, entre muitos outros benefícios”, diz Franklin. 

Mesmo os sedentários

Na mesma linha, uma pesquisa da Universidade da Califórnia em San Diego, mostrou que mulheres que andam de 2,1 mil a 4,5 mil passos diariamente reduzem o risco de morrer por ataque cardíaco, falência cardíaca, derrame e outras doenças cardiovasculares em até 38%, comparadas àquelas que dão menos de 2,1 mil passos diários. As participantes que foram além, com 4,5 mil passos, tiveram uma redução de risco ainda maior: 42%. O estudo foi feito com mais de 6 mil idosas com média de idade de 79,2 anos. 

A Organização Mundial da Saúde recomenda 10 mil passos diários para uma pessoa não ser classificada como sedentária. Porém, os pesquisadores afirmam que não é preciso tanto. “Apesar da crença popular, há pouca evidência de que as pessoas precisam dar 10 mil passos diariamente para terem benefícios cardiovasculares da caminhada. Nosso estudo mostrou que apenas 4,5 mil passos diários estão fortemente associados à redução do risco de morrer por doenças cardiovasculares em mulheres idosas”, comenta Andrea Z. LaCroix, chefe de epidemiologia da Universidade da Califórnia. Ela ressalta que o efeito cardioprotetor foi obtido independentemente de fatores como obesidade, colesterol alto, pressão alta, níveis elevados de triglicérides e/ou açúcar no sangue. A rapidez da marcha também não influenciou. 

“Dar alguns passinhos a mais por dia, mesmo poucos a mais, é algo alcançável, e a contagem de passos é uma forma fácil de mensurar o quanto estamos nos movimentando. Há muitos equipamentos baratos que fazem isso”, diz LaCroix. “Nossa pesquisa mostra que mulheres mais velhas reduzem o risco de doença cardiovascular se movimentando mais no dia a dia, incluindo atividades leves e dar mais passos. Estar em pé, em vez de sentado no sofá, é bom para seu coração”, completa a médica.

 

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